O mercado de cinematográfico nas hibridações culturais
DOI:
https://doi.org/10.55905/oelv21n8-027Keywords:
cinema, mercado cultural, indústria cultural, oligopólio cinematográfico, decolonialismoAbstract
O objeto desta pesquisa foi a análise das características de atividades econômicas de produção de cinema no Brasil. A partir de uma ótica interdisciplinar, cultural e econômica, seu objetivo focou em investigar quais eram e como agiam as forças que as viabilizam, destacando os entraves e aberturas oferecidos ao desenvolvimento das pequenas produtoras na indústria dominante. Este estudo se justificou pela importância da sétima arte na divulgação de manifestações culturais e pela influência que grupos oligopolizados possam provocar nessa dinâmica. Inicialmente, procedeu-se uma pesquisa histórico-dedutiva, com a finalidade de apresentar um diagnóstico das relações entre cultura e economia, e, em segunda, realizou-se uma pesquisa empírica utilizando dados secundários coletados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, compreendendo o espaço temporal entre 2009 a 2021. Os dados focaram nas etapas de distribuição e exibição de filmes produzidos para cinema no contexto brasileiro, sendo que o primeiro conjunto demonstrou a ocupação das salas por empresas distribuidoras, e o segundo conjunto de dados tratou da concentração de propriedade dessas salas, na exibição, a predominância de algumas empresas. Com o conjunto de dados analisados foi possível observar uma estrutura de oligopólio que, efetivamente, criava barreiras mercadológicas, inviabilizando a exibição de obras de produtoras que não fazem parte dessa estrutura oligopolizada. Desse modo, averiguou- se que as forças econômicas transformam as atividades culturais em produtos lucrativos, uma configuração em que o cinema de iniciativa popular, ainda que se constitua em um caminho para a realização de ações decoloniais, encontra-se espremido por ações de mercado com capacidade de poder econômico suficiente para evitar seu desenvolvimento. Nas conclusões gerais, a pesquisa constatou que a viabilidade dos filmes produzidos no Brasil fica, assim, dependente de ações públicas, que, no entanto, devem ser mais abrangentes que o aporte de recursos financeiros.
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