A instalação do complexo industrial e portuário do Pecém e suas implicações no território de São Gonçalo do Amarante – Ceará

Abstract

O estudo se concentra na transformação do litoral de São Gonçalo do Amarante (SGA), Ceará, Brasil, a partir da década de 1980, devido à instalação do Complexo Industrial e Portuário do Pecém – CIPP. Inicialmente, o distrito de Pecém era uma área rural com foco na agricultura de subsistência e pesca artesanal. A industrialização, especialmente a instalação do porto e de indústrias, levou a uma rápida transformação no uso do solo, com a remoção de comunidades e terras desapropriadas. O estudo destaca o papel de diferentes atores na configuração do território, incluindo o Estado, comunidades tradicionais e o setor privado. Houve conflitos territoriais decorrentes das desapropriações e da identificação de populações indígenas Anacé na região, levando à criação da reserva indígena Taba do Anacés. O processo de litoralização teve impactos econômicos positivos, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, melhorias nos indicadores de saúde, educação e emprego em SGA. No entanto, também trouxe desafios sociais e ambientais, como a especulação imobiliária, ocupações irregulares, problemas de saneamento e impactos na saúde pública. A industrialização e o desenvolvimento do turismo impulsionaram o crescimento econômico, mas também levaram a conflitos territoriais e questões socioambientais. O estudo enfatiza a dinâmica territorial em disputa, com atores que vão desde o poder público até grupos sociais, como moradores, pescadores e investidores privados. Em suma, o processo de litoralização em SGA demonstra a complexidade das mudanças no uso do solo e dos impactos econômicos, sociais e ambientais associados à industrialização e ao desenvolvimento turístico em regiões costeiras. É um exemplo de como diferentes atores moldam o território e como o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade pode ser desafiador.