“Ele não te bate, mas...” sinais sutis de relacionamento abusivo, violência e feminicídio: uma análise crítica do discurso
DOI:
https://doi.org/10.55905/oelv21n10-029Keywords:
violência doméstica, relacionamento abusivo, análise crítica do discursoAbstract
A violência contra a mulher é um fenômeno antigo, que ainda se faz presente na vida de muitas mulheres. Pesquisas recentes apontam que casos de violência doméstica têm aumentado gradativamente nos últimos anos no Brasil (TV SENADO, 2022; EXTRA CLASSE, 2022; CUNHA, [n/d]). Nesse âmbito, a violência se manifesta de forma física, psicológica, emocional, patrimonial e sexual, resultado de uma cultura patriarcal, na qual o homem detém o poder, promovendo, assim, a desvalorização e a diminuição da figura feminina. O presente estudo tem como objetivo discutir a imagem equivocada que parte da sociedade cria de mulheres vítimas de violência doméstica e buscar compreender os reais motivos pelos quais elas se submetem a certos relacionamentos. Para tal, foi realizada uma análise discursiva de comentários extraídos de um post divulgado pela página Quebrando o Tabu, na rede social Facebook, no dia 22 de novembro de 2021. Para a análise dos dados, foram utilizados os pressupostos teórico-metodológicos da Análise Crítica do Discurso (ACD) (BARROS, 2015; CHOULIARAK; FAIRCLOUGH , 1999; FAIRCLOUGH, 1989; FAIRCLOUGH, 2003; FAIRCLOUGH, 2016), considerando-se a categoria analítica interdiscursividade do significado representacional do discurso. O texto está dividido em três partes: apresentação dos aparatos jurídicos que visam diminuir os índices alarmantes de violência doméstica no país; a teoria-metodologia da Análise Crítica do Discurso, o significado representacional e a categoria analítica interdiscursividade; por fim, a análise dos discursos que compõem a materialidade deste estudo, utilizando-se a teoria/metodologia da ACD. Busca-se, assim, levantar discussões sobre estereótipos pré-concebidos socialmente e contribuir para o entendimento de que milhares de mulheres vivem à mercê de relacionamentos abusivos, porque são submetidas a relações de poder por parte de seus parceiros, deixando-as sem opções de escolha.
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