Tolerância à dessecação e armazenamento de sementes de Erythroxylaceae da Amazônia
DOI:
https://doi.org/10.55905/oelv21n10-076Keywords:
Erythroxylum, sementes recalcitrantes, conservação ex situ, conservação de espécies florestaisAbstract
O Brasil possui mais de 10% do território composto de Terras Indígenas, Áreas Quilombolas e Unidade de Conservação visando a conservação da biodiversidade in situ. Entretanto, para a maioria das espécies não há estratégia de conservação ex situ via sementes. Desta forma, o objetivo do presente trabalho é a avaliação da tolerância à dessecação e armazenamento de sementes de Erythroxylaceae da Amazônia. Uma revisão de literatura on line foi realizada com os seguintes termos, nas Línguas Portuguesa, Espanhola e Inglesa: “sementes Erythroxylaceae”, “armazenamento Erythroxylaceae”, “secagem Erythroxylaceae”, “sementes Erythroxylum”, “armazenamento Erythroxylum”, “secagem Erythroxylum”. Houve registro de informações sobre a tolerância à dessecação ou armazenamento de sementes ou conservação de sementes para apenas 12 espécies. A maioria das espécies de Erythroxylaceae da Amazônia apresentam teores de água acima de 45% após dispersão natural de suas sementes. Em sementes recentemente coletadas, a porcentagem de germinação de sementes está acima de 54%, exceto para as espécies E. deciduum A.St.-Hil. (3,7%) e E. campestre A.St.-Hil. (2,0%). Independente das formas de armazenamento, a perda de água reduz ou inviabiliza a germinação de suas sementes. As espécies da família Erythroxylaceae da Amazônia possuem sementes caracteristicamente recalcitrantes, ou seja, sensíveis a dessecação/secagem.
References
ANTONIL, A. Mapnacoca. Londres: Hassle Free Press, 1978.
BARBEDO, C. J.; MARCOS FILHO, J. Tolerância à dessecação em sementes. Acta Botanica Brasilica, Porto Alegre, v. 12, n. 2, p.145-164, 1998.
BOCCHESE, R. A.; OLIVEIRA, A. K. M.; FAVERO, S.; GARNÉS, S. J. A.; LAURA, V. A. Chuva de sementes e estabelecimento de plântulas a partir da utilização de árvores isoladas e poleiros artificiais por aves dispersoras de sementes, em área de Cerrado, Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 16, n. 3, p. 207-213, 2008.
BRAZ, M. I. G.; MATTOS, E. A. Seed dispersal phenology and germination characteristics of a drought-prone vegetation in Southeastern Brazil. Biotropica, v. 42, n. 3, p. 327-335, 2010.
CANTUÁRIA, P. C.; MEDEIROS, T. D. S.; CANTUÁRIA, M. F.; SOARES, A. C. S.; SILVA, B. M. S.; ALMEIDA, S. S. M. S.; KRAHL, A. H.; COSTA-CAMPOS, C. E.; SILVA, R. B. L. Do you know the biological nomenclature? Learn the correct way to write the names of organisms. Research, Society and Development, v. 11, n. 3, p. e21711326378, 2022.
CARVALHO, L. R.; DAVIDE, A. C.; SILVA, E. A. A.; CARVALHO, M. L. M. Classificação de sementes de espécies florestais dos gêneros Nectandra e Ocotea (Lauraceae) quanto ao comportamento no armazenamento. Revista Brasileira de Sementes, v. 30, n. 1, p. 1-9, 2008.
CARVALHO, P. E. R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Brasília: EMBRAPA – SPI. 1994. 640p.
CASTRO, R. D.; BRADFORD, K. J.; HILHORST, H. W. Desenvolvimento de sementes e conteúdo de água. In: FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed Editora, 2004. p. 51-67.
CHRISTIANINI, A. V. Interações entre formigas, frutos e sementes em solo de cerrado: o papel de formigas na biologia de sementes e plantulas. 2007. 187 f. Tese (Doutorado em Ecologia) – Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.
CISNEIRO, A. C. Dieta e dispersão de sementes por Lycalopex vetulus (LUND, 1842) em áreas de cerrado stricto sensu do município de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil. 2020. 77 f. Dissertação (Mestrado em Conservação da Fauna) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2020.
COOPER, H. M. Organizing knowledge syntheses: a taxonomy of literature reviews. Knowledge in Society, v. 1, n. 1, p. 104-126, 1988.
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES). Portal Periódicos. 2023. Disponível em: http://www.periodicos.capes.gov.br/. Acesso em: 15 set. 2023.
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES). Ministério Da Educação. Portal de Periódicos da CAPES. 2023. Disponível em: https://scholar.google.com.br/?hl=pt. Acesso em: 15 set. 2023.
COSTA-LIMA, J. L.; ALVES, M. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Erythroxylaceae. Rodriguésia, v. 66, n. 1, p. 285-295, 2015.
CRONQUIST, A. An integrated system of classification of flowering plants. Nova Iorque: Columbia University Press, 1981. 1262 p.
DALY, D. C. Erythroxylaceae (coca family). In: SMITH, N.; MORI, S. A.; HENDERSON, A.; STEVENSON, D. W.; HEALD, S.V. (ed.). Flowering plants of the neotropics. Nova Iorque: The New York Botanical Garden, Princeton University Press, 2004. p.143-145.
DAVIDE, A. C.; CARVALHO, L. R.; CARVALHO, M. L. M.; GUIMARAES, R. M. Classificação fisiológica de sementes florestais pertencente à família Lauraceae quanto à capacidade de armazenamento. Cerne, v. 9, n.1, p. 29-35, 2003.
EIRA, M. T. S. Classificação de sementes ortodoxas, recalcitrantes ou intermediárias. In: PUIGNAU, J. P. (ed.). Conservación de germoplasma vegetal. Montevidéu: IICA, 1996. p. 119-122.
ELLIS, R. H.; HONG, T. D.; ROBERTS, E. H. An intermediate category of seed storage behaviour?. Journal of Experimental Botany, v. 41, n. 9, p. 1167-1174, 1990.
FARNSWORTH, E. The ecology and physiology of viviparous and recalcitrant seeds. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 31, p. 107-138, 2000.
FERREIRA, A. M. S. D.; SILVA, R. B. L.; CANTUÁRIA, P. C. Herbicides registered for control of infesting plants in the cultive of Glycine max (L.) Merr. (soybeans) in Brazil. Research, Society and Development, v. 11, n. 14, p. e232111436154, 2022. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36154. Acesso em: 15 set. 2023.
FIALHO, R. F.; FURTADO, L. S. Germination of Erythroxylum ovalifolium (Erythroxylaceae) Seeds within the Terrestrial Bromeliad Neoregelia cruenta. Biotropica, v. 25, n. 3, p. 359-362, 1993.
GOOGLE INC. Google Acadêmico. 2023. Disponível em: https://scholar.google.com.br. Acesso em: 15 set. 2023.
HEGNAUER, R. Chemotaxonomy of Erythroxylaceae (including some ethnobotanical notes on Old World species). Journal of Ethnopharmacology, v. 3, p. 279-292, 1981.
HONG, T. D.; ELLIS, R. H. A protocol to determine seed storage behaviour. Roma: International Plant Genetic Resources Institute, 1996. 55p. (Technical Bulletin, 1).
HONG, T. D.; LININGTON, S.; ELLIS, R. H. Seed storage behaviour: a compendium. Roma: International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI), 1996. (IPGRI. Handbooks for Genebanks, 4).
JOHNSON, E. L. Seed viability of two Erythroxylum species stored at 4 °C. Planta Medica, v. 55, n. 7, p. 691, 1989.
LOIOLA, M. I. B.; AGRA, M. F.; BARACHO, G. S.; QUEIROZ, R. T. Flora da Paraíba, Brasil: Erythroxylaceae Kunth. Acta Botanica Brasilica, v. 21, n. 2, p. 473-487, 2007.
MACHADO, E. El género Erythroxylon en el Perú. Raymondiana, v. 5, p. 16-23, 1972.
MAYER, E. El uso social de la coca en el Mundo Andino: Contribucion a un debate y toma d' posicion. America Indigena, v. 38, p. 849-865, 1978.
MAYRINCK, R. C.; VAZ, T. A. A.; DAVIDE, A. C. Classificação fisiológica de sementes florestais quanto à tolerância à dessecação e ao comportamento no armazenamento. Cerne, v. 22, n. 1, p. 85-92, 2016.
NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE. National Center for Biotechnology Information. PubMed. 2023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/. Acesso em: 15 set. 2023.
OLIVEIRA, K. R; SOUZA, E. O.; MARCELO, M. M.; CEDREIRA, E. R.; MENDONÇA, M. B. K.; PAIVA, E. M. L. L.; LANDGREF FILHO, P.; AOKI, C. Germinação de sementes e efeitos da passagem pelo trato digestivo de aves no Pantanal. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, 71., 2019, Campo Grande. Resumos... Campo Grande: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 2019.
PLOWMAN, T. Aspectos botánicos de la coca. In: Jerí, F. R. (ed.). Actas del seminario interamericano sobre aspectos médicos y sociológicos de la coca y de la cocaína. Lima: Pacific Press, 1980. p. 100-117.
PLOWMAN, T. The origin, evolution, and diffusion of coca, Erythroxylum sp., in South and Central America. In: Stone, D. (ed.). Pre-Columbian plant migration. Cambridge: Peabody Museum, Harvard University, 1984. p. 126-163.
PLOWMAN, T.; BERRY, P. E. Erythroxylaceae. In: STEYERMARK, J. A.; BERRY, P. E.; HOLST, B. K. (ed.). Flora of the Venezuelan Guayana. Saint Louis: Missouri Botanical Garden Press, 1999. p. 59-71.
PLOWMAN, T.; HENSOLD, N. Names, types, and distribution of neotropical species of Erythroxylum (Erythroxylaceae). Brittonia, v. 56, n. 1, p. 1-53, 2004.
PRITCHARD, H. W., DAWS, M. I., FLETCHER, B. J., GAMENE, C. S., MSANGA, H. P., OMONDI, W. Ecological correlates of seed desiccation tolerance in tropical African dryland trees. American Journal of Botany, v. 91, n. 6, p. 863-870, 2004.
RANDALPH, J. A Guide to Writing the Dissertation Literature Review. Practical Assessment, Research, and Evaluation, v. 14, art. 13, 2009. Disponível em: https://scholarworks.umass.edu/pare/vol14/iss1/13. Acesso em: 15 set. 2023.
RIBEIRO, J. E. S.; LEITE, A. P.; NÓBREGA, J. S.; ALVES, E. U.; BRUNO, R. L. A.; ALBUQUERQUE, M. B. Temperatures and substrates for germination and vigor of Erythroxylum pauferrense Plowman seeds. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 41, n. 1, p. e46030, 2019.
ROBERTS, E. H. Predicting the storage life of seeds. Seed Science and Technology, Zurich, v. 1, n. 3, p. 499-514, 1973.
RURY, P. M. Systematic anatomy of Erythroxylum P. Browne: practical and evolutionary implications for the cultivated cocas. Journal of Ethnopharmacology, v. 3, p. 229-263, 1981.
SCHULTES, R. E. Coca in the Northwest Amazon. Botanical Museum Leaflets, v. 28, n. 1, p. 47-60, 1980.
SCHULZ, O. E. Erythroxylaceae. In: ENGLER, A. [ed.]. Das Pflanzenreich: regui vegetabilis conspectus IV. Lípsia: Engelmann, 1907. p. 1–164.
SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE. SciELO. 2023. Disponível em: https://search.scielo.org/. Acesso em: 15 set. 2023.
SILVA, B. M. S.; CESARINO, F.; SADER, R.; LIMA, J. D. Germinação e armazenamento de sementes de coca (Erythroxylum ligustrinum DC. - Erythroxylaceae). Revista Brasileira de Sementes, v. 30, n. 3, p. 25–29, 2008
SILVA, B. M. S.; OLIVEIRA, C.; CESARINO, F.; VIEIRA, R. D. Armazenamento e germinação de sementes de coca (Erythroxylum squamatum Sw.). Revista Trópica: Ciências Agrárias e Biológicas, v. 8, n. 1, 2014.
THE BRAZIL FLORA GROUP (BFG). Brazilian flora 2020: leveraging the power of a collaborative scientific network. Taxon, v. 71, n. 1, p. 178-198, 2022.
THE DOCUMENT FOUNDATION. LibreOffice (versão 7.6.1). 2023. Disponível em: https://pt-br.libreoffice.org/. Acesso em: 14 set. 2023.
WHITE, D. M.; ISLAM, M. B.; MASON-GAMER, R. J. Phylogenetic inference in section Archerythroxylum informs taxonomy, biogeography, and the domestication of coca (Erythroxylum species). American Journal of Botany, v. 106, n. 1, p. 154-165, 2019.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2023 OBSERVATÓRIO DE LA ECONOMÍA LATINOAMERICANA

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.